terça-feira, 6 de março de 2012

É Poema ou não é?

 Se você gosta de poemas, leia isto:


 O girino é o peixe do sapo, O silêncio é o começo do papo. O bigode é a antena do gato. O cavalo é pasto do carrapato. O cabrito é o cordeiro cabra. O pescoço é a barriga da cobra. O leitão é um porquinho mais novo. A galinha é um pouquinho do ovo. O desejo é o começo do corpo. Engordar é a tarefa do porco. A cegonha é a girafa do ganso. O cachorro é um lobo mais manso. O escuro é metade da zebra. As raízes são as veias da seiva. O camelo é cavalo sem sede. Tartaruga por dentro é parede. O potrinho é o bezerro da égua. A batalha é o começo da trégua. Papagaio é dragão miniatura. Bactérias num meio é cultura.
                                           Arnaldo Antunes. A cultura. In: As coisas. 3. ed. São Paulo: Iluminuras, 1996


 Este texto acima é cheio de comparações. Umas mais comuns, outras mais estranhas, outras mais poéticas e outras, ainda, até engraçadas. 
 Como você pode ver, o autor não escreveu em versos, como é comum nos poema, mas em texto corrido, como na prosa.

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